Será que esse é o momento de fazer uma suplementação com vitamina D? Saiba mais sobre o assunto e conheça todos os benefícios para a saúde!
Sabia que a deficiência de vitamina D pode afetar pessoas de todas as idades? Os sintomas mais comuns são dores musculares, dor na parte inferior das costas, fraqueza muscular proximal (que dificulta o movimento para cima, como ao pentear os cabelos) e dores nos ossos latejantes provocadas por pressão sobre o esterno ou tíbia (1).
Caso tenha se identificado com algum desses casos, o ideal é procurar um médico, que está habilitado para indicar a dose certa da suplementação com vitamina D de acordo com a sua necessidade.
Mas como a informação é uma grande aliada da saúde, vale a pena conhecer mais sobre a vitamina D - como o melhor horário para aproveitar ao máximo todas as suas propriedades!
O que é a vitamina D
A vitamina D faz parte das vitaminas lipossolúveis, juntamente com as vitaminas A, E e K. Ela é composta por esteróides que se apresentam, basicamente, de duas formas moleculares.
Uma delas é a chamada vitamina D2, ou ergocalciferol. Derivada de fontes vegetais, é obtida através de leveduras e de esteróis de plantas. É utilizada para o enriquecimento de alimentos.
A outra é a vitamina D3, também conhecida como colecalciferol, obtida através de alimentos de origem animal, de cogumelos ou produzida na pele pela exposição à radiação solar ultravioleta B (UVB). Por causa dessa biossíntese cutânea, a vitamina D é considerada um pró-hormônio.
Assim, a vitamina D pode ser produzida de forma endógena nos tecidos cutâneos pela exposição solar, obtida pela ingestão de alimentos ou através da suplementação (2).
Ambas as formas de vitamina D são metabolizadas no fígado e nos rins para gerar seu hormônio ativo, o calcitriol, também chamado de 1,25(OH)VitaminaD.
Deficiência da vitamina é considerada epidêmica
Vários estudos mostram que a deficiência de vitamina D é considerada epidêmica em várias partes do mundo e em todas as faixas etárias (3). O Brasil, apesar da grande incidência de luz solar durante todo o ano devido ao clima tropica também está incluído na estatístical. Para se ter uma ideia, estudos mostram que 42% da população idosa da cidade de São Paulo sofre com deficiência de vitamina D, por exemplo (4). E os índices são ainda maiores em adolescentes (60%) e adultos jovens (50%) (5).
Mas o que acontece quando há deficiência de vitamina D? Nas crianças, por exemplo, a falta da vitamina pode acarretar retardo do crescimento e raquitismo. Já nos adultos, os riscos estão relacionados à osteomalácia (um defeito de mineralização óssea que só ocorre após o término do crescimento), ao hiperparatiroidismo secundário e ao consequente aumento da reabsorção óssea.
Essa condição favorece a perda de massa óssea que pode levar à osteoporose e à osteopenia (que é quando o corpo não produz um novo osso tão rapidamente quanto reabsorve o osso antigo). Estudos mostram que a deficiência de vitamina D está bastante associada à fraqueza muscular (6).
Nesse sentido, inclusive, pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London (Reino Unido) mostraram que a vitamina D reduz o risco de fraqueza muscular (7).
Os benefícios da vitamina D
A vitamina D é um dos nutrientes mais importantes para a saúde. Ao que se sabe, esse hormônio auxilia na formação de ossos e dentes, na absorção de cálcio e fósforo, no funcionamento dos sistemas imunológico e muscular, ajuda a manter os níveis de cálcio no sangue e também auxilia o processo de divisão celular.
Porém seu alcance pode ser muito mais abrangente, uma vez que há receptores de vitamina D por praticamente todo o nosso corpo: coração, pulmões, cérebro, pâncreas, músculos, linfócitos, etc.
Por isso, diversas áreas da medicina têm estudado a vitamina D, mas todo o seu alcance de benefícios para o organismo ainda não é totalmente conhecido (8). Veja como a vitamina D pode ajudar a sua saúde!
Concentração adequada de outras vitaminas
Biologicamente, a principal função da vitamina D é a manutenção das concentrações normais de cálcio (Ca) e fósforo (P) sérico.
Imagine que, sem a vitamina D, apenas 10% a 15% do cálcio e 60% do fósforo são absorvidos pelo organismo humano. Já quando a vitamina D está em níveis satisfatórios, a absorção de cálcio chega a aumentar entre 30% e 40% - e a de fósforo em 80%.
Saúde dos ossos
O sistema esquelético é um dos mais integrados do corpo humano, dando a sustentação que nos permite completar mesmo as tarefas mais banais do dia a dia.
A vitamina D faz parte de um complexo mecanismo de interações para o que o cálcio seja metabolizado eficientemente, atuando principalmente na absorção intestinal de cálcio e fósforo e reabsorção óssea. Dessa forma, a vitamina D promove a saída do cálcio dos ossos para a circulação sanguínea.
Saúde dos músculos
Por outro lado, a fraqueza muscular decorrente da deficiência de vitamina D não está diretamente relacionada ao metabolismo ósseo. Porém, ao fragilizar o equilíbrio aumenta o risco de quedas e, consequentemente, de fraturas, especialmente na população idosa (9).
Qual o melhor momento para tomar vitamina D?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) metade da população mundial tem quantidades insuficientes desse nutriente. Entretanto, não há exatamente um consenso mundial sobre as doses ideais de vitamina D e os índices divergem de acordo com a população estudada.
No entanto, aqui no Brasil, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) estabeleceu que valores de 25 (OH) D inferiores a 20 ng/ml, são classificados como deficiência, entre 21-29 ng/ml são classificados como insuficiência e entre 30 e 100 ng/ ml são considerados como suficiência de vitamina D (10).
Mas quando saber que é a hora de garantir uma suplementação de vitamina D? Antes de mais nada, vale lembrar que esses valores devem ser obtidos através de exames pedidos e interpretados por um médico especialista, portanto a auto suplementação não é indicada.
E apesar de alguns estudos inconclusivos associarem as baixas taxas da vitamina D a problemas como diabetes, câncer, cardiopatias, doenças autoimunes e até demências, como a esclerose múltipla, as indicações mais claras de suplementação são relacionadas à saúde óssea.
Veja alguns casos de risco que podem ter indicação de reposição de vitamina D, que sempre deve ser acompanhada por um especialista que está habilitado para indicar a dose correta de acordo com cada caso:
- Pessoas em uso de anticonvulsivantes, colestiramina, anti retrovirais, glicocorticoides, cetoconazol;
- Doenças do metabolismo ósseo (osteoporose, hiperparatireoidismo primário, etc)
- Pós cirurgias disabsortivas, como a bariátrica;
- Populações institucionalizadas;
- Doenças crônicas de pele;
- Mulheres pós menopausa;
- Doenças disabsortivas;
- Doença renal crônica;
- Menopausa precoce;
- Idosos.
Alimentos ricos em vitamina D
Infelizmente, os alimentos ricos em vitamina D são escassos e pouco presentes nas dietas diárias. Além disso, vários estudos mostram que apenas 10% a 20% da vitamina D necessária para o funcionamento adequado do organismo provêm da dieta (11).
Conheça alguns desses alimentos e a quantidade de vitamina D fornecida em unidade internacional (UI).
Gema de ovo
Os ovos são excelente fonte de proteína e a gema de uma unidade grande oferece 41UI de vitamina D.
Atum
Peixes oleosos em geral são fontes de vitamina D. No caso do atum enlatado e conservado em água, 100g fornece cerca de 154 UI, praticamente 1/3 da recomendação diária. O atum conservado em óleo oferece ainda mais vitamina D, porém, também bem mais gordura.
Cogumelo
Os mais expostos à luz solar são os cogumelos que mais possuem vitamina D: shimeji, shitake, champignon, portobello e funghi. E são também são uma boa fonte de vitamina D para veganos, oferecendo cerca de 400 UI de vitamina D em 100g.
Fígado
Cerca de 100 g de bife de fígado oferece 42 UI de vitamina D> Além disso, é também uma ótima fonte de ferro.
Tilápia
Oferece ainda mais vitamina D que o fígado de boi: apenas 100 g contém 54 UI.
Sardinha
Duas sardinhas enlatadas fornecem 46 UI.
Suplementação de vitamina D
Como você viu, são poucos os alimentos que possuem vitamina D e muitos não fazem parte da alimentação diária habitual da maioria da população. Por isso, a suplementação de vitamina D é uma boa opção para reduzir a perda óssea, buscando controlar a incidência de quedas e de fraturas decorrentes.
No entanto, apesar da praticidade e da eficiência do suplemento de vitamina D, é preciso consultar um médico para identificar a causa da deficiência e indicar as doses certas para o seu caso específico.
REFERÊNCIAS
1. Paula Bordelon, Maria Ghetu e Robert Langan (American Family Physician, 15/10/2009), Reconhecimento e Gerenciamento da Deficiência de Vitamina D. Disponível em <https://www.sbmfc.org.br/reconhecimento-e-gerenciamento-da-deficiencia-de-vitamina-d/>. Acesso em 17.01.2023.
2. Schalka S, Reis VMS. (An Bras Dermatol. 2011). Fator de proteção solar: significado e controvérsias. Disponível em <https://rbm.org.br/details/113/pt-BR>. Acesso em 17.01.2023.
3. Bandeira F, Griz L, Freese E, Lima DC, Thé AC, Diniz ET, et al. (Arq Bras Endocrinol Metab. 2010). Vitamin D deficiency and its relationship with bone mineral density among postmenopausal women living in the tropics. Disponível em <https://rbm.org.br/details/113/pt-BR>. Acesso em 17.01.2023.
4. Saraiva GL, Cendoroglo MS, Ramos LR, Araújo LM, Vieira JG, Kunii I, et al. (Osteoporos Int. 2005). Influence of ultraviolet radiation on the production of 25 hydroxyvitamin D in the elderly population in the city of São Paulo (23 degrees 34’S), Brazil; e Genaro PS, Pereira GAP, Pinheiro MM, Szejnfeld VL, Martini LA. (Int J Vitam Nutr Res. 2007). Relationship between nutrient intake and vitamin D status in osteoporotic women. Disponíveis em <https://sogirgs.org.br/area-do-associado/a-importancia-da-vitamina-d-na-saude-da-mulher.pdf>. Acesso em 17.01.2023
5. Peters BSE, dos Santos LC, Fisberg M, Wood RJ, Martini LA. (Ann Nutr Metab. 2009) Prevalence of vitamin D insufficiency in Brazilian adolescents e Maeda SS, Kunii IS, Hayashi L, Lazaretti-Castro M. (Braz J Med Biol Res. 2007). The effect of sun exposure on 25-hydroxyvitamin D concentrations in young healthy subjects living in the city of São Paulo, Brazil. Disponíveis em <https://sogirgs.org.br/area-do-associado/a-importancia-da-vitamina-d-na-saude-da-mulher.pdf>. Acesso em 17.01.2023
6. Lips P. (Endocr Rev. 2001;22(4):477-501.) Vitamin D deficiency and secondary hyperparathyroidism in the elderly: consequences for bone loss and fractures and therapeutic implications. e Holick MF (N Engl J Med. 2007;357(3):266-281) Vitamin D deficiency. Disponíveis em <https://www.scielo.br/j/abem/a/fddSYzjLXGxMnNHVbj68rYr/>. Acesso em 17.01.23
7. Are Serum 25-Hydroxyvitamin D Deficiency and Insufficiency Risk Factors for the Incidence of Dynapenia? Disponível em <https://link.springer.com/article/10.1007/s00223-022-01021-8> e <https://agencia.fapesp.br/deficiencia-de-vitamina-d-aumenta-em-78-o-risco-de-desenvolver-fraqueza-muscular/40274/>. Acesso em 17.01.23
8. Galvão L, Galvão M, Reis C, Batista C, Casulari L. Considerações atuais sobre a vitamina D. Disponível em <https://rbm.org.br/details/113/pt-BR>. Acesso em 17.03.23
9. Clemens TL, Adams JS, Henderson SL, Holick MF. (Lancet. 1982) Increased skin pigment reduces the capacity of skin to synthesise vitamin D3. Disponível em <https://sogirgs.org.br/area-do-associado/a-importancia-da-vitamina-d-na-saude-da-mulher.pdf>. Acesso em 17.01.2023
10. Maeda SS, Borba VZ, Camargo MB, Silva DM, Borges JL, Bandeira F, et al. (Arq Bras Endocrinol Metabol. 2014). Brazilian Society of Endocrinology and Metabology (SBEM). Recommendations of the Brazilian Society of Endocrinology and Metabology (SBEM) for the diagnosis and treatment of hypovitaminosis D. Disponível em <https://sogirgs.org.br/area-do-associado/a-importancia-da-vitamina-d-na-saude-da-mulher.pdf>. Acesso em 17.01.2023
11. Holick MF. (Curr Drug Targets, 2011). Vitamin D: evolutionary, physiological and health perspectives. Disponível em <https://sogirgs.org.br/area-do-associado/a-importancia-da-vitamina-d-na-saude-da-mulher.pdf>. Acesso em 17.01.2023