Diariamente, as pessoas expõem-se a agentes externos prejudiciais à saúde, como vírus e bactérias. Para combatê-los, o sistema imunológico do ser humano – que possui um complexo mecanismo de defesa – precisa trabalhar incansavelmente e assim suprimir maiores riscos que esses micro-organismos possam causar. Para haver um bom funcionamento do sistema imunológico, é superimportante que as necessidades diárias de vitaminas e minerais sejam supridas, a fim de fortalecer organismo e auxiliar nesse combate.
Até o final do século XIX, antes da descoberta dos antibióticos, o tratamento de pacientes com tuberculose nos sanatórios era realizado com sua exposição diária ao sol. Enquanto no início do século XX alguns pacientes com a doença eram tratados com óleo de fígado de bacalhau. Coincidência ou não, esses métodos terapêuticos possuem um ativo em comum, a vitamina D.
Nos últimos anos há uma grande discussão da comunidade médica e acadêmica a respeito da importância desse hormônio para a saúde. De fato, o nutriente, junto a outros, é um dos principais responsáveis pelo equilíbrio e bom funcionamento da maioria dos sistemas, assim como para manter os níveis de dois elementos essenciais para a saúde: o fósforo e o cálcio. Essa substância, em uma pessoa saudável, é produzida naturalmente pelo organismo, mas pode ser adquirida através da exposição aos raios ultravioletas do sol (UVB), ingestão de alguns alimentos como cogumelos, peixes gordurosos, ovos e laticínios, ou então, por meio da suplementação vitamínica, com o uso de nutracêuticos.
A hipovitaminose D
Apesar das diversas alternativas de metabolização, dados do último estudo National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) apontam que 90% da população asiática, hispânica e de pele escura possui insuficiência de vitamina D – chamada hipovitaminose D. Entre as pessoas de pele clara, esse número cai para 60%, o que ainda é bastante preocupante.
Diversos tecidos do corpo humano possuem receptores da vitamina D. Dentre eles, adipócitos, linfócitos, monócitos, hipófise, mamas, músculo estriado, ovários, próstata, testículos e timo. A vitamina D auxilia no fortalecimento de todo o sistema imunológico, que atua na prevenção de doenças. Sintomas da falta de vitamina D
O déficit de vitamina D, além de aumentar as chances de incidência de várias doenças, pode causar alguns sintomas físicos como dores e espasmos musculares frequentes, queda capilar, sensação de desânimo, fraqueza, dificuldade de memorização, sudorese na cabeça, crises alérgicas, gengivites e o surgimento de placas bacterianas nos dentes. Para um diagnóstico preciso, o médico deve solicitar o exame de hidroxivitamina D, e assim verificar a concentração da substância no sangue.
Existem inúmeros estudos que evidenciam as doenças acarretadas ou intensificadas pela deficiência de vitamina D.
Insuficiência de vitamina D e as doenças infecciosas
De acordo com o artigo Randomized Trial of Vitamin D Supplementation to Prevent Seasonal Influenza and Upper Respiratory Infection in Patients With Inflammatory Bowel Disease, publicado por pesquisadores do Japão, a suplementação de vitamina D pode diminuir em até 40% o risco de infecções pelo vírus Influenza e prevenir cerca de 20% das doenças respiratórias agudas, como a asma, bronquite e a pneumonia.
Esse nutriente é um grande auxiliador no bloqueio da reprodução de citocinas que aumentam a incidência de processos inflamatórios. A substância detém, também, influência direta na produção de proteínas antivirais no corpo humano. Por isso, a comunidade médica acredita que o nutriente possui um papel muito importante nas ações de combate às infecções virais.
O mesmo levantamento ainda mostra que pacientes com doenças inflamatórias intestinais podem ter maior dificuldade de absorção da vitamina D e, por consequência, apresentam 64% maior chance de necessitar de suplementação.
Vitamina D para diabéticos
A falta de vitamina D pode agravar quadros de diabetes do tipo 2, quando o corpo não produz ou cria uma grande resistência à insulina, uma vez que a deficiência dificulta ainda mais essa metabolização no pâncreas. O nutriente, quando em níveis adequados, facilita o processamento do açúcar no organismo e a sua excreção.
Uma pesquisa realizada por acadêmicos da Universidade Nacional de Seul, na Coréia do Sul, e da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, concluíram que pessoas com deficiência de vitamina D têm cinco vezes mais chances de desenvolver a diabetes do que as que possuem níveis equilibrados da substância.
Falta de vitamina D causa depressão?
O cérebro humano também possui receptores da vitamina D. Esse hormônio auxilia na produção da serotonina, o neurotransmissor encarregado de equilibrar e regular o sono, humor, alguns sentidos e até mesmo o apetite e temperatura corporal.
Quando há uma baixa nos níveis dessa molécula, as chances da pessoa desenvolver um quadro depressivo aumentam consideravelmente, uma vez que há um grande desequilíbrio do estado de humor. Outros sintomas relacionados a saúde mental também tornam-se frequentes, como a compulsividade alimentar, baixa do desejo sexual, irritabilidade, dificuldades de concentração, aprendizado e memória.
Obesidade e vitamina D
Ainda, existe uma íntima relação entre a obesidade e a vitamina D, uma vez que o sobrepeso aumenta a necessidade diária da substância. Os adipócitos, além de fazerem o armazenamento da gordura corporal, são responsáveis por avisar ao cérebro que o organismo já está satisfeito (controle da saciedade), naquele momento, com a refeição.
Porém, a falta do nutriente pode causar falhas nessa função, levar ao descontrole alimentar e, consequentemente, o aumento desenfreado de peso. Para amenizar a situação, o paciente deve recorrer, além da reposição vitamínica, aos exercícios físicos associados à uma dieta equilibrada.
Falta de vitamina D e queda de cabelo
Evidências clínicas têm apontado uma relação entre a deficiência desse hormônio com a queda capilar. O eflúvio telógeno, fase do ciclo capilar onde há uma queda mais intensa dos fios, pode ser causado pela falta de diversos nutrientes, incluindo a vitamina D.
Além do mais, o déficit vitamínico pode levar a um quadro chamado alopecia areata, doença caracterizada pela perda exacerbada de fios na extensão do couro cabeludo e outras partes do corpo, que formam falhas em formatos arredondados.
Vitamina D e a prevenção de doenças
Apesar das evidências da influência da vitamina D na ação antiviral, essa substância é muito efetiva, também, se usada de maneira preventiva. Diariamente, o corpo precisa de uma quantidade do hormônio para manter o seu bom funcionamento. Quando isso ocorre, é muito mais fácil prevenir algumas doenças, uma vez que o sistema imunológico esteja em equilíbrio.
É muito importante que a pessoa se exponha ao sol por ao menos 15 minutos por dia, para sintetizar a vitamina com a ajuda da incidência dos raios ultravioleta (UVB). Entretanto, essa ação pode não ser tão eficaz, de acordo com algumas condições às quais o indivíduo se encontra, como o clima local, localização geográfica, o horário, pigmentação da pele, a quantidade do corpo exposta e até o peso. Além do mais, não é indicado o uso de protetor solar durante essa prática, que deve ser realizada sempre levando em consideração os horários onde o sol é mais quente, por volta do meio dia.
A presença de doenças gastrintestinais também pode influenciar diretamente na absorção dessa vitamina D e consequentemente na sua falta. Dessa forma, faz-se necessário, também, levar em consideração o histórico e o estado de saúde do paciente.
Como suplementar vitamina D?
O uso do suplemento da vitamina D, com a finalidade de repor a dose diária recomendada no organismo, torna-se uma prática muito importante. Principalmente por pessoas que se enquadram nos casos em que a metabolização natural não é suficiente.
É importante ressaltar que o uso de qualquer medicamento deve ser acompanhado por um médico para que a prescrição da dose diária, bem como o tempo de tratamento, seja o ideal para cada paciente. Portanto, o médico saberá como restabelecer seu equilíbrio.
Referências
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