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Como fortalecer o sistema imunológico feminino

Publicado em: 19/09/2025

O sistema imunológico é uma rede complexa de células e moléculas distribuídas por todo o organismo, essencial para a defesa contra infecções e a manutenção da estabilidade corporal (1; 2; 3; 4). Isso se aplica a todos os seres humanos e, no caso do conteúdo a seguir, em especial, às mulheres.
 

Sua função principal é proteger o corpo contra agressores externos, como vírus e bactérias, e internos, como células cancerosas, além de monitorar a integridade dos tecidos (2; 3). Compreender os fatores que influenciam esse sistema, especialmente na saúde feminina, e as estratégias para fortalecê-lo é fundamental para promover o bem-estar e a qualidade de vida.


 

A importância do sistema imunológico na saúde da mulher

O sistema imunológico desempenha um papel crucial na saúde geral da mulher, atuando como a primeira linha de defesa. Ele inclui a imunidade inata, que oferece uma resposta imediata, e a imunidade adaptativa, que desenvolve defesas específicas e memória imunológica após contato com possíveis doenças (1; 2). 
 

A saúde imunológica feminina é particularmente sensível a diversas variáveis, incluindo flutuações hormonais e fatores psicossociais, que podem impactar a susceptibilidade a diversas doenças infecciosas, crônico-degenerativas e inflamações crônicas (5; 6). 


 

Fatores que influenciam o sistema imunológico da mulher

A funcionalidade do sistema imunológico feminino é moldada por uma complexa interação de fatores, que vão desde aspectos comportamentais e nutricionais até as distintas fases biológicas da vida (5; 6). Veja mais detalhes a seguir!


 

Estresse, sono e estilo de vida

A exposição prolongada a mediadores do estresse, como o cortisol, pode alterar a resposta imunológica. O estresse crônico tem um impacto significativamente negativo no sistema imunológico, suprimindo a atividade de células importantes como as Natural Killer (NK) que são cruciais no combate a doenças como o câncer, por exemplo (7). 
 

A instabilidade da saúde mental, que pode ser agravada pelo estresse, está relacionada a alterações na eficiência do sistema imune, gerando uma resposta endócrina e imunológica negativa frente a infecções (8). 

Manter bons hábitos saudáveis, incluindo um estilo de vida que promova o bem-estar, é fundamental para a qualidade de vida e o aumento da expectativa de vida (8). 


 

Alimentação e microbiota intestinal

A nutrição exerce uma grande influência no sistema imunológico intestinal. O intestino não é apenas um órgão de digestão e absorção, mas também um órgão imunológico crucial. Isso porque a microbiota intestinal é um estimulador importante do sistema imune, protegendo o corpo (4). 
 

Um desequilíbrio na composição da microbiota (também chamado de disbiose) tem sido associado à susceptibilidade a infecções e desordens imunes. Bactérias probióticas podem formar uma barreira física contra doenças na mucosa intestinal, enquanto as fibras prebióticas aumentam o número de linfócitos e leucócitos no GALT (tecido linfoide associado ao intestino). A combinação de probióticos e prebióticos, chamada simbiótico, pode otimizar a imunomodulação, promovendo o aumento da atividade das células Natural Killer (4). 


 

Prática de atividade física e imunidade

A prática de atividade física está fortemente relacionada à saúde. O exercício aeróbio moderado pode aumentar as funções imunes naturais de forma aguda e, cronicamente, melhorar a imunidade. Isso inclui o aumento da atividade citotóxica das células NK e a atenuação da redução das funções das células T relacionadas à idade e à produção de citocinas (9). 
 

A atividade física regular também contribui para a redução dos níveis de estresse, ansiedade e depressão, além de auxiliar no controle de peso e na saúde cardiovascular, o que indiretamente apoia a função imunológica. 


 

Idade e fases da vida (adolescência, gestação, menopausa)

O sistema imunológico feminino é influenciado pelas flutuações hormonais e pelas diferentes fases da vida (5). 
 

  • Adolescência: há um aumento da prevalência de depressão nesse período (5). 
  • Gestação: as flutuações hormonais, particularmente de estrogênio e progesterona, contribuem para o desenvolvimento de depressão no ciclo gravídico-puerperal (5). 
  • Menopausa e Pós-menopausa: a diminuição acentuada na concentração de estrogênios no período menopausal e pós-menopausal leva a uma redução da quantidade de linfócitos T e B, assim como dos efeitos citotóxicos das células Natural Killer. Esse declínio da função imunológica com a idade resulta em maior incidência de doenças neoplásicas, infecciosas e crônico-degenerativas, além de inflamações crônicas (5). 
     

Como fortalecer o sistema imunológico feminino no dia a dia

Fortalecer o sistema imunológico feminino é um esforço contínuo que envolve a adoção de hábitos diários saudáveis, fundamentados em evidências científicas.


 

Dicas práticas e científicas para fortalecer a imunidade

A busca por convicções psicológicas positivas, como otimismo, senso de propósito, afetos positivos, gratidão e resiliência, é fundamental para a redução de eventos agudos e um melhor controle dos fatores de risco em mulheres que sofrem de depressão (5). 


 

No dia a dia, é essencial consumir uma variedade de alimentos nutritivos, incluindo frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, e evitar alimentos processados, ricos em açúcar e gorduras saturadas, que podem comprometer a imunidade (12). 


 

É importante manusear os alimentos adequadamente e higienizá-los antes do preparo e ingestão para evitar contaminação, e também alimentar-se várias vezes ao dia, evitando longos períodos de jejum (12). 


 

Alimentação rica em antioxidantes e nutrientes

Uma dieta rica em nutrientes essenciais é a base para um sistema imunológico robusto. Alimentos como frutas cítricas, vegetais verdes folhosos, nozes e sementes são fontes ricas em vitaminas A, C, E, zinco e selênio, importantes para fortalecer a imunidade (12). 


 

Para a saúde óssea, especialmente importante durante a menopausa, é crucial consumir alimentos ricos em cálcio e vitamina D, como laticínios magros, vegetais escuros e feijão. Peixes e linhaça, ricos em ômega-3, são também particularmente benéficos  (11). 


 

Frutas vermelhas fornecem antioxidantes importantes na prevenção de doenças crônicas e problemas cardiovasculares, enquanto frutas cítricas auxiliam na imunidade devido ao seu teor de vitamina C (11). 


 

Importância da hidratação e do sono

A hidratação adequada é um componente de um estilo de vida saudável; é recomendado beber bastante líquidos, principalmente água, nos intervalos das refeições (12). 


 

Embora o impacto direto da hidratação no sistema imunológico não seja detalhado nas fontes, é uma prática fundamental para o bem-estar geral, indicando sua importância para a saúde geral e, consequentemente, para o suporte imunológico.


 

Estratégias de controle de estresse

Para manejar o estresse e favorecer o sistema imune, diversas terapias complementares têm se mostrado promissoras, incluindo yoga, meditação, reflexologia, massagem e sessões de relaxamento. Essas práticas podem levar à melhora significativa da depressão, fadiga, ansiedade, e da qualidade de vida, além de diminuir os níveis de cortisol (7). 


 

A espiritualidade também pode contribuir para a melhora da qualidade de vida, a redução da dor crônica e da ansiedade, estando associada a um maior número de linfócitos (7). 


 

Vitaminas e minerais aliados à imunidade feminina

Vitaminas e minerais são micronutrientes essenciais que desempenham um papel chave no funcionamento adequado do sistema imunológico. A deficiência desses nutrientes pode levar ao aumento do estresse oxidativo e à depressão do sistema imunológico (10; 12). 


 

Vitamina C, D, E, Zinco, Selênio, Ferro – papel no sistema imunológico

 

  • Vitaminas A, C, E, Zinco e Selênio: são importantes para fortalecer o sistema imunológico, e podem ser encontrados em alimentos como frutas cítricas, vegetais verdes folhosos, nozes e sementes (12). A Vitamina C é considerada uma importante imunomoduladora, com correlação positiva com glóbulos brancos e linfócitos (10). 
  • Vitamina D: a deficiência de vitamina D é prevalente em pacientes com HIV e está associada a uma progressão desfavorável da doença. Além disso, é um nutriente crucial para a saúde óssea (11; 12).
  • Ferro: é um micronutriente essencial para a vida, atuando principalmente na síntese de células vermelhas do sangue e no transporte de oxigênio no organismo (8). 


 

Cuidados com carências nutricionais e reposições orientadas 

A terapia nutricional pode prevenir a desnutrição, retardar a imunodepressão e a ocorrência de infecções oportunistas, contribuindo para a sobrevida e qualidade de vida. A suplementação de vitaminas e minerais deve ser avaliada individualmente e realizada sob orientação de um profissional de saúde, pois o uso sem orientação pode ser perigoso (12). 


 

Diferenças de necessidades nutricionais em diferentes fases da vida

As necessidades nutricionais variam ao longo da vida da mulher. Na infância, as crianças são mais vulneráveis a carências nutricionais devido ao rápido crescimento e imaturidade fisiológica e imunológica, o que aponta para a importância de uma alimentação rica em micronutrientes como ferro e vitamina A (8). Durante a menopausa, a ingestão adequada de cálcio e vitamina D é fundamental para a saúde óssea, devido ao aumento do risco de osteoporose (11). 

 

Fortalecer a imunidade é um processo diário de equilíbrio

Em linhas gerais, o fortalecimento do sistema imunológico feminino é um processo multifacetado e contínuo, que exige um equilíbrio diário de diversos fatores. Isso inclui a adoção de uma alimentação nutritiva e balanceada, a prática regular de atividade física moderada, a gestão eficaz do estresse, e a atenção às necessidades nutricionais específicas em cada fase da vida. 
 

É válido incentivar o autocuidado e a busca por hábitos saudáveis, reconhecendo que pequenas mudanças diárias podem ter um impacto significativo na saúde imunológica. 
 

Além disso, é crucial ressaltar a importância do acompanhamento médico e nutricional. Profissionais de saúde, como médicos e nutricionistas, são essenciais para fornecer orientações personalizadas e baseadas em evidências. A manutenção de um estilo de vida saudável e a busca por um bem-estar integral são fundamentais para a promoção de uma imunidade robusta.


 

Fontes

1 - DREHMER, M. N. Modulação da expressão gênica do fator de ativação de células B (BAFF) por hormônios femininos em células do sistema imunitário humano. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/176987/TCC_Manuela_Nunes_Drehmer.pdf.


 

2 - VELOSO, Pedro Henrique Fonseca et al. (Org.). Sistema Imune: Onde os defensores habitam. Belo Horizonte: Tradição Planalto, 2022. E-book. ISBN 978-65-86268-35-5. DOI: 10.6084/m9.figshare.21081583.


 

3 - SILVA, H. F. D.; BARATA, D.; SOUZA, M. A. A. Entendendo o funcionamento do sistema imune. Research, Society and Development, v. 12, n. 4, e17312439402, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i4.39402.


 

4 - FONSECA, F. C. P. Influência da nutrição sobre o sistema imune intestinal. CERES, [s. l.], v. 5, n. 3, p. 163-174, 2010. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/ceres/article/view/1946.


 

5 - AVILA, W. S.; MENDONÇA, M. A.; RIVERA, I. R. Depressão em Mulheres com Doenças Cardiovasculares: Uma Carta Científica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, [s. l.], 2023. DOI: 10.36660/abc.20220858.


 

6 - FARIA, M. A. et al. Pós-menopausa e sistema imune. Reprodução & Climatério, [s. l.], v. 28, n. 1, p. 30-35, 2013. DOI: 10.1016/j.reproclima.2013.03.003.


 

7 - ABRAHÃO, C. A. Estratégias de redução do estresse e seu impacto no sistema imune de mulher com câncer de mama: evidências para a prática clínica. 2013. Dissertação (Mestrado em Enfermagem em Saúde Pública) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2013. DOI: 10.11606/D.22.2013.tde-10072014-151834.


 

8 - SILVA, M. R. C. et al. (Org.). Saúde e Bem-Estar: aspectos relacionados à qualidade de vida. São Luís: Editora Pascal, 2022. v. 1. ISBN 978-65-80751-21-1. DOI: 10.29327/564534.


 

9 – FREITAS, M. P. et al. Efeito do exercício físico na imunomodulação em mulheres pós-menopausadas: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Pelotas, v. 22, n. 2, p. 110-120, 2017. DOI: 10.1590/1517-869220162205148071.

 

10 - FETT, C. A. et al. Mudanças no estilo de vida e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis e sistema imune de mulheres sedentárias. Revista de Nutrição, Campinas, v. 22, n. 2, p. 245-255, mar./abr. 2009. DOI: 10.1590/S1415-52732009000200007.


 

11 - CARVALHO, A. L. G. et al. Análise do consumo alimentar de mulheres no climatério e menopausa. Trabalho de Conclusão de Curso (Técnico em Nutrição e Dietética) – Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, ETEC Mandaqui, São Paulo, 2024. Disponível em: https://ric.cps.sp.gov.br/bitstream/123456789/27678/1/tecniconutricaoedietetica_2024_2_analuciagomescarvalho_analiseconsumoalimentarmulheresnoclimaterioemenopausa.pdf.


 

12 – SANTOS, A. R. S. et al. Dietoterapia na Síndrome da Imunodeficiência Humana. Trabalho de Conclusão de Curso (Técnico em Nutrição e Dietética) – Etec Cidade Tiradentes, São Paulo, 2023. Disponível em: https://ric.cps.sp.gov.br/bitstream/123456789/16288/1/nut_2023_novotec_t_adrianaregina_dietoterapia.pdf.



 

Autor: Myralis
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